Vilão da Minha Própria Novel - Capítulo 0 - Prólogo
Prólogo
Era o dia da formatura de uma das turmas mais lendárias da academia, e a cerimônia atraíra figuras de prestígio de várias partes do mundo.
Convidados se agrupavam nas fileiras de assentos, cochichando entre si enquanto trocavam olhares curiosos em direção aos formandos, alinhados no centro do pátio.
Entre eles, alguns nomes se destacavam como verdadeiros prodígios, jovens que haviam conquistado feitos notáveis ainda antes de se formarem.
Arthur, alto e forte, exalava a liderança pela qual já era conhecido.
Seraphina, ao seu lado, mantinha a postura de uma guerreira indomável, os cabelos vermelhos presos em um rabo de cavalo que lhe conferia um ar de determinação feroz.
Derek exibia um sorriso despreocupado e altivo, típico de alguém que sabe o valor de seu nome e de seu legado.
Luna, por sua vez, mantinha-se com um sorriso enorme, observando tudo e cumprimentando todos ao seu redor.
Por fim, Kai estava mais à vontade, uma figura quase selvagem, exibindo uma confiança natural que combinava com sua reputação de guerreiro impetuoso.
Arthur foi o primeiro a romper o silêncio entre eles, sua postura firme e o tom controlado.
— Finalmente estamos aqui — comentou, com um leve sorriso.
Kai soltou uma risada, cruzando os braços.
— Quem diria que veríamos tantas caras conhecidas só para nos verem vestidos assim — comentou, olhando para o traje formal de cada um.
— Achei que você seria o primeiro a abandonar a cerimônia, Kai.
— Hmm?? Mesmo que não pareça gosto bastante de eventos assim. ― respondeu Kai.
— Hahaha você?
Derek provocou Kai com um meio sorriso.
— Mas não faz diferença, hoje todos estão de olho em mim, o “prodigioso Derek”.
Luna apenas soltou um suspiro discreto, e os olhares se voltaram para ela, que sorria suavemente.
— Essa é sua maior motivação, Derek? Ser notado? — perguntou ela, seu tom gentil, mas incisivo, arrancando um riso de Seraphina que até então não parecia gostar muito daquele ambiente.
Os espectadores observavam o grupo com admiração e reconhecimento.
Eram os filhos das grandes famílias, os talentos promissores que todos esperavam que conduzissem o mundo a um novo patamar de glória.
Cada um deles parecia que iria carregar consigo um pedaço do mundo no futuro.
Mas, ao lado desse grupo de jovens prodígios, uma figura destoava.
Ele estava ali, calado, com um olhar distante que parecia absorver todo o cenário ao redor sem realmente fazer parte dele.
Diferente dos outros, não havia uma aura de heroísmo ou grandeza em sua postura.
Ele era quase invisível ao lado dos outros, e, ainda assim, não havia uma pessoa naquele pátio que não tivesse notado a presença estranha e sombria do rapaz de olhos vermelhos e expressão insondável.
Nos assentos dos convidados, duas figuras cochichavam sobre ele, intrigadas.
— Esse é Evan, não é? — murmurou um dos observadores, tentando disfarçar seu olhar curioso.
— Ele não é como os outros — respondeu o segundo, com um tom de voz mais baixo.
— Não vem de uma família renomada, e nunca ouvi falar de um grande feito dele. Não sei o como ele entrou na Spectra.
— Se não me engano ele é um bolsista.
— O que sério?? Alguém como ele se formou nessa turma?
— Shii, fica quieto!
— A diretora está presente, você sabe que ela não gosta dessas coisas.
Do outro lado, um membro da “Guilda Aureus”, que tinha vindo especialmente para observar os personagens principais daquele dia, também comentou sobre o grupo.
— E então, o que você acha deles?
Um homem de cabelos longos e escuros respondeu, distraído, enquanto olhava na direção dos formandos.
— Ele não tem o brilho dos outros, mas é… peculiar. É difícil entender o que passa na mente dele. Parece estar em outro mundo, não é?
— O quê? Do que você está falando, líder?
— Ah… haha, nada demais.
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“Fuuuh…”
No silêncio do meu quarto, eu estava sentado diante do computador, absorto nas palavras que digitava.
A formatura dos personagens que eu havia criado e moldado por meses parecia mais vívida do que nunca.
Na tela, Arthur, Seraphina, Derek, Luna, Kai e outros personagens importantes se reuniam em uma cena que eu quase podia ver.
Na minha cabeça, cada um deles parecia tão real, como velhos amigos ou desconhecidos fascinantes, cujas vidas eu tinha o privilégio de espiar.
“Sigh” — suspirei e olhei novamente para a descrição de Evan.
Ele seria um personagem em que eu ainda iria mergulhar fundo para desenvolver no futuro.
Diferente dos outros, ele não tinha as conquistas ou o brilho imediato deles, mas seria um personagem de grande destaque.
Sabia que alguns leitores que gostavam dele provavelmente me odiariam pelo que eu pretendia fazer, mas, como era verossímil, valeria a pena.
Enquanto digitava a última frase sobre ele, senti um leve arrepio, uma estranha sensação.
Sacudi a cabeça e sorri.
— É só imaginação — disse, fechando o arquivo.
‘Esses são os personagens da minha novel…’ — pensei comigo, satisfeito, enquanto salvava o arquivo.
‘E esse é o universo que eles nunca irão deixar…’
Fechei o laptop, já me preparando para descansar.
Após aquele dia, fiquei com uma certeza e uma dúvida.
A certeza de que aquele era um universo que eles jamais deixariam.
E a dúvida… se, talvez, eles realmente fossem apenas personagens da minha novel.