Vilão da Minha Própria Novel - Capítulo 06
Capítulo 06 – Desafios(3)
5:33 da manhã.
Eu havia acordado cedo.
― Preciso me preparar para amanhã.
Conforme explicado pelo professor Sebastian, em três dias haveria uma prova prática na academia Spectra.
Como era quinta-feira, isso significava que a prova ocorreria no dia seguinte, sexta-feira.
Na minha novel, eu havia escrito que a prova aconteceria em uma área isolada que simulava uma floresta, mas agora eu sabia que era ainda mais complexo do que parecia.
A Spectra possuía um portal artificial, criado por meio de tecnologia avançada e magia combinadas, que levava os alunos a uma região semelhante a uma floresta.
Esse portal era completamente controlado pela academia, permitindo que a Spectra monitorasse e ajustasse o ambiente para cada prova.
Assim, os alunos poderiam se aventurar sem perigo real de morte, mas ainda sob uma pressão intensa e realista.
Não havia muito com o que se preocupar, ou pelo menos era o que o professor queria que acreditássemos.
Esta prova era essencial para testar os limites e habilidades dos alunos, além de ser o momento em que os personagens da minha novel começariam a se aproximar ainda mais, desenvolvendo laços em meio aos desafios.
“…”
Eu estava terminando de preparar o café da manhã; o aroma reconfortante do café recém-filtrado se misturava com o cheiro adocicado do pão na torradeira.
Com a caneca na mão, eu me virei para desligar a TV, mas uma notícia de última hora chamou minha atenção e me fez pausar.
A tela mostrava cenas de caos em uma rua europeia, e o repórter falava com urgência.
― “Revelações chocantes hoje: mais uma vez, autoridades desmascaram membros da Seita de Ombra. Entre os capturados está o influente político Gustav Müller, prefeito de uma conhecida cidade europeia, junto com dois de seus assessores mais próximos, Elena Vostok, Secretária de Desenvolvimento Urbano, e Marco Silvestri, Conselheiro de Segurança Interna. As tentativas de captura escalaram para um violento confronto em Viena, resultando em várias mortes e prisões.”
“― Além destes, o governo também deteve várias outras personalidades locais, incluindo empresários e uma figura renomada no cenário cultural, que aparentemente recebiam ordens secretas da Seita. Os detalhes dessas prisões ainda estão emergindo, mas o impacto já é sentido em várias esferas da sociedade.”
Eu assisti, congelado, à medida que imagens de homens e mulheres com olhos incandescentes lutavam contra os heróis.
Algo em mim se contraiu ao ver a manifestação daquilo.
Era um lembrete severo da realidade que eu havia escrito.
― Pessoas comuns seduzidas pela promessa de poder, e agora olhe só para isso.
Não pude deixar de sentir uma pontada de culpa.
Mesmo que fossem pactos diferentes, eu sabia qual era o preço a se pagar.
“Sigh!”
― Como vou evitar isso?
Eu abri a janela do sistema mais uma vez e olhei a mensagem novamente.
[Alerta do Sistema: Tempo restante até a posse completa pelo demônio: 4 anos.]
‘Tenho 4 anos então.’
Na minha novel original, eu não tinha chegado na parte em que Evan seria possuído por um demônio; eu ainda não tinha escrito nada para evitar esse acontecimento.
‘A única forma que eu descrevi na minha novel para evitar ser possuído por um demônio… era a morte.’
Quando estava na Terra, eu tinha planos de criar uma maneira de evitar a maldição de Evan que não fosse morrendo, mas como eu havia sido enviado para o mundo de minha novel, não consegui desenvolver e nem escrever nada.
A única coisa que eu poderia fazer era continuar seguindo a história da novel. Claro, se eu pudesse interferir e mudar algo para meu próprio bem, eu faria isso na mesma hora.
Desliguei a TV, o eco sombrio das notícias ainda vibrando no ar.
Meu café, agora esquecido, esfriava na mesa enquanto me perdia em pensamentos.
A Seita de Ombra era uma sombra crescente sobre este mundo que eu, sem querer, tinha ajudado a moldar.
‘Se a Seita de Ombra continuar a crescer, o estrago pode ser imenso.’
Eu podia sentir o peso do mundo que criei pressionando contra meus ombros. Mas, ao mesmo tempo, uma voz interna sussurrava, tentando aliviar o fardo.
‘Mas, também não é como se isso fosse problema meu; nesse mundo, sou apenas mais um.’
Caminhei até a janela, observando a rua tranquila lá fora. As pessoas iam e vinham, alheias aos problemas que surgiram.
Por um momento, desejei poder ser como elas, ignorante e desimpedido pelas ameaças que só eu conhecia.
Eu já tinha problemas demais.
Minha própria maldição era um labirinto sem saída aparente, um jogo cruel onde a única saída que eu havia escrito era através da morte.
E agora, eu deveria me preocupar com um culto demoníaco em expansão?
Sacudi a cabeça, tentando dissipar a crescente sensação de desespero.
― Evan, você não é um herói.
Falei em voz alta, como se ao ouvir minha própria voz pudesse tornar aquela afirmação mais real.
‘Existem outras forças em jogo aqui, pessoas com poder para enfrentar esse tipo de ameaça.’
Eu sabia, mesmo sem escrever, que heróis e vilões surgiriam, como sempre surgem em momentos de crise.
Voltando para a mesa, peguei minha caneca e dei um longo gole do café agora frio.
‘Concentre-se em sua própria sobrevivência. Tenho certeza de que aquelas pessoas irão dar um jeito de segurar a Seita de Ombra.’
Aconselhei a mim mesmo, tentando afastar a culpa de não assumir o papel de salvador que ninguém me pediu para ser.
Eu já tinha uma batalha para vencer, e era uma luta interna e solitária.
Deixei a cozinha, os pensamentos ainda tumultuados pela notícia, mas decidido a manter o foco em meus problemas imediatos.
Havia um limite para o quanto eu poderia carregar, e naquela manhã, eu estava me sentindo no meu limite.
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8:00 da manhã.
Eu tinha treinado muito meu controle sobre as sombras. Precisava aprimorar minha manipulação delas se quisesse me sair bem nesse mundo.
E também não saía perdendo em nada.
Recebi uma mensagem do sistema dizendo que ganhei “10 pontos”.
Provavelmente esses pontos foram ganhos por conta do meu combate contra Seraphina e do uso constante das sombras.
Eu precisava treinar minhas habilidades sempre que possível se quisesse ganhar mais pontos.
===
Após o treino matinal, o foco se deslocou para a rotina diária.
Preparar o café da manhã para Noah e Emma foi uma tarefa que me permitiu, por breves momentos, esquecer as preocupações sobre a maldição demoníaca.
A cozinha se encheu com o cheiro de panquecas e o som de risadas infantis.
― Estão gostando? ― perguntei, enquanto servia mais uma rodada de panquecas.
― Está delicioso! ― exclamou Emma, com os olhos brilhando de alegria.
Noah, tentando manter uma postura mais séria, apenas acenou com a cabeça, mas o canto de sua boca traía seu verdadeiro contentamento.
Depois do café, seguiu-se a rotina de levá-los à escola.
O caminho foi um momento para conversarmos sobre seus sonhos, medos e, claro, sobre o que haviam aprendido.
Entender aqueles dois era um dos meus principais objetivos.
Ao chegarmos ao portão da escola, diminuímos o passo, querendo prolongar aqueles últimos momentos juntos antes de nos separarmos para o dia.
O sol da manhã dava um brilho especial ao caminho, prometendo um dia cheio de possibilidades.
― Não se esqueçam, ― disse, virando-me para Emma e Noah com um sorriso.
― Quero saber de tudo quando eu voltar para buscá-los. Se aprenderem algo novo, se alguma coisa engraçada acontecer, tudo.
Eu nunca tive irmãos quando morava na Terra e fui embora da casa de meus pais cedo. Eu gostava do sentimento que sentia quando estava com Emma e Noah.
Emma pulou de empolgação.
― Hoje temos aula de artes! Vou fazer um desenho especial pra você, Evan!
Sua alegria era contagiante, e eu não pude deixar de sorrir ainda mais.
Noah, sempre tentando agir com mais maturidade, assentiu sério.
― E eu tenho um teste de matemática. Estudei bastante, acho que vai dar certo.
― Estou orgulhoso de vocês dois, ― disse, genuinamente tocado pela dedicação deles.
― E mal posso esperar para ver seu desenho, Emma. E Noah, tenho certeza de que você vai mandar bem no teste.
Paramos diante do portão, e eu me abaixei para ficar no nível deles, olhando-os nos olhos.
― Divirtam-se hoje e cuidem um do outro, certo? Se acontecer alguma coisa, falem com a professora imediatamente.
Eles acenaram, aparentemente acostumados com essas manhãs repletas de conselhos e encorajamentos.
Emma me abraçou forte, transmitindo um calor genuíno que parecia desconhecido para mim até então.
Noah, tentando manter seu ar maduro, deu um abraço rápido, mas ainda assim cheio de significado.
Por um instante, fiquei parado, sentindo aquele calor inesperado e familiar ao mesmo tempo.
Era esse o sentimento de ter alguém importante para cuidar?
Algo próximo a… ser uma família?
Na Terra, quando foi a última vez que senti algo assim? Um laço que não fosse passageiro ou superficial…
Não pude deixar de me perguntar.
E agora, o que eu deveria fazer?
Devia demonstrar mais confiança?
Ou talvez fosse melhor esconder a incerteza que crescia dentro de mim?
Ser um irmão mais velho exigia força… ou honestidade?
Essas perguntas dançavam em minha mente, mas uma coisa era clara: eu precisava proteger essas crianças, mesmo que isso significasse aprender a viver para além da história que eu conhecia.
― Até mais tarde, Evan! ― eles disseram juntos, se afastando em direção ao portão, onde se juntaram a alguns amigos.
Fiquei ali, observando-os entrar na escola, uma sensação de responsabilidade e amor fraterno preenchendo meu coração.
Com um último olhar para a entrada da escola, virei-me e comecei minha caminhada até a Spectra, pronto para mais um dia de preparação intensiva.
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[Spectra 2 horas depois]
O sol estava mais alto no céu, banhando o campo de treinamento da Spectra com uma luz dourada.
O ambiente estava vivo com o som de metais colidindo, magias sendo conjuradas e o ocasional riso e brado de encorajamento. No centro do campo, um duelo capturava a atenção de todos.
Ting!
― Precisa mesmo ser tão paternalista?
seraphina disse a Arthur, com sua voz tingida de frustração.
― Estou apenas tentando garantir um bom treino para ambos, Seraphina.
Arthur a respondeu com um sorriso tranquilo e uma gentileza inabalável.
A atmosfera ao redor do campo de treinamento se intensificava à medida que a luta entre Arthur e Seraphina continuava.
O ar vibrava com a tensão de sua batalha, enquanto os espectadores observavam, capturados pelo espetáculo.
“Clang!”
O som ressonante das espadas se encontrando ecoou pelo campo, cada golpe trocado com precisão e habilidade.
Arthur, com sua postura impecável, desviava de um golpe ágil de Seraphina, contra-atacando com uma série de estocadas rápidas.
― Sério, Arthur? Isso é tudo o que você tem? ― Seraphina provocou, transformando seu mau humor anterior em um desafio ardente.
Ela girava, sua espada cantando pelo ar, e lançava um ataque que brilhava com uma aura vermelha sutil.
A luta se intensificava, cada movimento carregado com o peso de suas habilidades e o desejo de superar o outro.
A multidão assistia em silêncio respeitoso, todos impressionados com a habilidade de ambos os combatentes.
“Shring!”
As lâminas se chocaram novamente, faíscas voando enquanto eles se moviam em um balé de aço.
Arthur, sempre o cavalheiro, apenas sorriu diante do desafio.
Sua defesa era tão sólida quanto sua paciência.
― Eu poderia perguntar o mesmo a você, Seraphina. ― Ele respondeu.
Havia uma leveza em sua voz contrastando com a intensidade de seus movimentos.
― Mas prefiro ver até onde você pode ir.
“Clash!”
De repente, com uma destreza que desafiava a velocidade e a força de Seraphina, Arthur encontrou uma abertura.
Num movimento tão rápido que mal pôde ser acompanhado pelos olhares dos espectadores, ele desarmou Seraphina, sua espada agora apontando suavemente para ela numa pausa dramática do combate.
― Foi um ótimo treino, Seraphina, mas parece que consegui o melhor de nós, ― Arthur disse, seu tom ainda carregado de respeito e admiração.
Seraphina, claramente frustrada, mas também impressionada, recuou e recuperou sua postura, olhando para Arthur com uma nova luz de reconhecimento em seus olhos.
“Haaah…” ― Parece que sim, Arthur. Você conseguiu desta vez.
Ela admitiu, embora seu espírito competitivo ainda ardesse dentro dela.
― Mas não pense que isso termina aqui. Na próxima você com certeza irá perder.
Arthur simplesmente sorriu.
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No campo de treinamento da Spectra, o som dos passos ritmados de Evan ecoava enquanto ele corria ao redor da pista, esforçando-se para acompanhar o ritmo exigente dos exercícios físicos.
Luna, sentada à margem do campo, observava a cena, especialmente o esforço de Evan. Ela notava a intensidade dele, uma qualidade que a intrigava.
― Ele realmente tem algo especial, ― murmurou, ainda tentando entender o que havia nele que chamava tanto a atenção.
‘Mas o que Seraphina vê nesse cara?’
Quando Evan completou as voltas junto a outros alunos, fez uma pausa para recuperar o fôlego.
Luna aproveitou o momento para se aproximar.
Seu cabelo balançava suavemente a cada passo enquanto ela se dirigia até ele, com um sorriso amigável.
― Evan, certo? ― ela chamou, mantendo o tom suave e amistoso. ― Você parece estar bem focado.
Evan, respirando fundo após a corrida, ergueu o olhar, surpreso pela abordagem. Ver alguém se aproximando, especialmente Luna, não era esperado.
‘O que ela quer comigo?’ ― ele se perguntou.
― Obrigado. Só estou tentando melhorar.
Ele respondeu, ainda um pouco ofegante e sem saber bem o que dizer.
Luna sorriu, com uma expressão de leve admiração.
― Isso é ótimo, é exatamente o que a Spectra valoriza.
Ela deu uma breve risada antes de acrescentar:
― Seraphina mencionou você, sabe?
Evan franziu o cenho, questionando-se sobre o interesse de Seraphina.
― Tivemos um duelo. Só isso, ― respondeu ele, tentando soar casual.
Nesse momento, Seraphina e Arthur se aproximaram, e Seraphina lançou a Evan e Luna um olhar afiado.
Ela cruzou os braços, observando a cena com um misto de curiosidade e desafio.
― E então, Luna, desde quando você e esse aí ficaram tão próximos? ― questionou, com um meio sorriso provocador.
Luna ergueu as sobrancelhas, dando de ombros.
― Só estou tentando ser amigável, Seraphina. Afinal, ele está na mesma turma que a gente. Achei que seria uma boa ideia.
Arthur, sempre disposto a amenizar o ambiente, deu um aceno de apoio.
― Concordo, Luna. Além disso, aprender com os outros também é uma forma de fortalecer a equipe.
Evan, ainda recuperando o fôlego após a corrida, lançou um olhar cauteloso para Seraphina, sentindo-se desafiado, mas sem perder a compostura.
― Só queria ver o que você estava fazendo, Luna, e… a gente se esbarrou outra vez, Evan.
Evan, cuja postura permaneceu inalterada, confirmou com um aceno, mantendo sua resposta sucinta.
― Sim.
Evan respondeu sendo bem direto.
Não contente com a brevidade de Evan e sua aparente indiferença, Seraphina decidiu provocá-lo mais um pouco.
― Então, está pronto para outra rodada, Evan? Ou vai inventar uma desculpa para fugir de novo?
Ela o provocou, com um sorriso de canto.
Evan, percebendo a tentativa de Seraphina de incitá-lo, apenas deu de ombros, desviando-se da provocação.
― Estou indo para o refeitório, ― respondeu ele com sua voz calma, indicando que preferia não entrar em conflito.
― Hã?? Vai me ignorar?
Seraphina chamou atrás dele, não querendo deixar a conversa morrer tão facilmente.
Luna, tentando evitar que a conversa esquentasse, deu um tapinha leve no ombro de Seraphina.
― Vamos deixar ele, Seraphina.
Seraphina assistiu Evan começar a se afastar, sua expressão misturando frustração e resignação.
― Tá certo, então, ― ela suspirou, reconhecendo a derrota momentânea.
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Após sair do vestiário, fui ao refeitório da Spectra para comer algo antes de continuar meu dia no lava-rápido.
Enquanto pegava minha comida, uma coisa não saía da minha cabeça.
‘Por que Seraphina veio até mim mais uma vez?’ ― pensei.
A missão de lutar com Seraphina foi algo que fiz no calor do momento, só para ganhar os 100 pontos, mas não me lembrava de ter escrito que Evan enfrentava Seraphina tão cedo na Spectra.
Na minha novel, ela e Evan sequer eram tão próximos, e o primeiro encontro oficial entre eles acontecia no teste prático.
‘Parece que ter lutado com ela mudou algumas coisas da história.’
― Isso não é bom.
Alterar muito as coisas poderia prejudicar os eventos principais.
Se eu perdesse o controle, poderia acabar sem saber o que fazer.
― …Ah. Que droga. ― murmurei enquanto me sentava em uma mesa isolada, afastado dos outros alunos.
Enquanto comia, não pude evitar ouvir as conversas ao meu redor, a maioria sobre a prova prática que estava chegando. T
odos pareciam animados, alguns ansiosos.
Eu, por outro lado, não ligava tanto.
Já sabia o que aconteceria nela.
Enquanto mastigava distraído, notei uma presença que parecia estar observando discretamente de uma mesa próxima.
Era uma garota de cabelos castanhos e olhos intensos, com uma expressão calma e um olhar enigmático.
Ela era alta para os padrões comuns, e algo em sua postura indicava que estava acostumada ao combate físico, semelhante a Kai. Ela parecia ter o porte de uma lutadora corpo a corpo.
Por um instante, nossos olhares se cruzaram.
Ela não desviou imediatamente, e seu olhar carregava uma curiosidade tranquila, quase como se estivesse me analisando.
Depois de um momento, ela desviou o olhar com naturalidade, como se estivesse apenas conferindo algo passageiro.
Não era comum encontrar alguém que me encarasse assim na Spectra, especialmente com uma expressão tão neutra e… atenta.
Voltei minha atenção para o prato, tentando ignorar a sensação de estar sendo observado.
‘Por que ela estava olhando para mim?’
Aquilo não era um simples olhar que se dá a alguém por curiosidade.
Continuei comendo, mas, vez ou outra, não pude evitar de perceber que ela ainda estava ali, silenciosa e distante, sem se envolver com ninguém ao redor.
Havia algo naquela presença calma e isolada que me parecia… familiar.
Ela parecia alguém que também preferia manter certa distância, observando o ambiente de maneira reservada, quase como eu fazia na maioria das vezes.