Vilão da Minha Própria Novel - Capítulo 08
Capítulo 08 – A Prova na Spectra(2)
30 minutos depois.
Meia hora havia se passado desde o início da prova. Foi tempo o suficiente para todos os membros da equipe se conhecerem melhor.
Estávamos indo em direção ao centro da floresta. Por sorte, a vegetação não era tão densa, então encontrar um caminho sem se perder era fácil.
― Tem certeza de que esse é o caminho certo? ― perguntou Seraphina, quebrando o silêncio.
― Não. ― Respondi seco.
― O quê? Então por que estamos seguindo por aqui?
Após a pergunta de Seraphina, pensei por um momento, ponderando como guiar a conversa sem revelar demais.
Estávamos trilhando um caminho que eu havia determinado discretamente, liderando o grupo em direção ao centro da floresta — um detalhe crucial que eu conhecia por ter criado essa prova na novel. Mas, por saber demais, não podia revelar essa informação a eles.
― Mesmo sem ter certeza absoluta de qual é o caminho correto, seguir em direção ao centro da floresta maximiza nossas chances de encontrar pistas ou indicações do artefato.
― O que você quer dizer com isso? ― perguntou Jenna.
― É uma questão de lógica. A maioria das provas de busca colocaria o objetivo principal em uma localização centralizada, pois isso exige uma exploração completa do terreno.
Esperava que minha explicação convencesse Seraphina e o resto do grupo da lógica por trás da nossa direção, sem levantar suspeitas sobre o quanto eu realmente sabia.
A última coisa que eu queria era que eles questionassem como eu tinha tanta certeza sobre onde encontrar o artefato.
“…”
Depois de alguns minutos de caminhada, o silêncio pesado da floresta foi interrompido por um estalo repentino.
O som de galhos estalando sob algum peso e o sussurro de movimentos furtivos ao redor nos alertaram para uma presença iminente.
Antes que pudéssemos formular um plano, criaturas sinistras surgiram entre as árvores, movendo-se de forma silenciosa e calculada.
― Fiquem alertas! ― murmurei, enquanto me posicionava.
A primeira coisa que notamos foram os olhos — pequenos focos de luz amarelada, predatórios e fixos, que observavam cada movimento nosso.
Eles nos cercavam, ainda parcialmente escondidos pelas folhas.
Então, suas formas começaram a se revelar.
Os monstros tinham peles recobertas por placas endurecidas, com espinhos que lembravam ossos expostos, projetando-se das costas e dos braços.
― O que… são essas coisas?
Jenna sussurrou recuando um passo.
Eram como uma mistura de animais selvagens deformados, com músculos retorcidos e garras afiadas, claramente feitos para caçar e destruir.
Seraphina desembainhou sua espada em um movimento fluido, a lâmina refletindo um brilho mortal sob a luz filtrada pelas árvores.
― Eles parecem feitos para matar… mas nós também. Vamos acabar com isso.
Seraphina parecia tão confiante quanto eu imaginava.
Jenna recuou um pouco, preparando-se para lançar feitiços de suporte e cura. Maya, com um murmúrio suave, começou a conjurar os elementos, pronta para lançar seus ataques mágicos.
― São Scuttlers ― disse Alex enquanto ajustava a postura, pronto para disparar suas flechas encantadas.
Scuttlers… criaturas fracas, mas muito rápidas. Sozinho, alguém teria dificuldades contra elas. Por sorte, nossa equipe estava bem equilibrada.
De repente, sem aviso prévio, os monstros avançaram, e a batalha começou.
Movendo-me com a agilidade que as sombras me proporcionavam, lancei alguns ataques, manipulando as sombras ao redor para formar tentáculos que agarravam e desorientavam os monstros.
Seraphina avançou com sua espada, dançando entre os inimigos com uma precisão letal, enquanto Alex disparava uma saraivada de flechas nos monstros que eu havia prendido com as minhas sombras.
Jenna, embora mantendo uma distância segura, lançou feitiços de fortalecimento sobre nós, garantindo que permanecêssemos em plena forma de luta.
‘Eles são bons demais’ ― pensei, observando o desempenho do grupo.
Mesmo sem nunca terem trabalhado juntos, seu combate em grupo era muito bom para ser comparado a uma primeira vez.
A batalha estava sob controle até que, num instante, um Scuttler saltou em direção a Maya, que estava concentrada demais conjurando uma magia de fogo para perceber o ataque iminente.
Alex agiu rápido, disparando uma flecha diretamente no monstro, mas ela ricocheteou nas placas endurecidas da criatura, que continuou avançando.
Como foi tudo muito rápido, ele não teve tempo de encantar suas flechas.
― Maya, atrás de você! ― Alex gritou.
Naquele momento, mesmo que sem querer, meu coração disparou ao vê-la indefesa.
Seraphina já avançava com a espada em punho, mas estava longe demais para alcançar o monstro a tempo.
Por que eu tinha reagido de forma tão instintiva?
Essa urgência… de onde veio?
Era só o instinto de proteger o grupo?
Não pude deixar de me questionar naquele breve momento.
Sem perceber, estiquei o braço em direção ao Scuttler, e as sombras ao meu redor reagiram num impulso feroz.
Tentáculos negros dispararam como relâmpagos, atravessando o espaço entre nós e alcançando o monstro no ar.
Com um golpe rápido e brutal, eles se enrolaram na criatura, esmagando-a antes que tocasse Maya.
Foi uma bênção ter conseguido acertar o monstro antes que ele alcançasse Maya.
Mas, de certa forma, a cena ainda era terrível.
O sangue do monstro, esmagado pelos tentáculos, espirrou pelo corpo de Maya, fazendo-a cambalear para trás e cair sentada no chão.
Ela me olhou com o rosto pálido, ainda em choque com o que acabara de acontecer.
Seraphina suspirou ao ver a expressão assustada de Maya e lançou um olhar crítico na minha direção.
― Evan… precisava ser tão brutal?
Ela cruzou os braços, me analisando.
― Se conseguia salvá-la, não precisava exagerar tanto. Olhe para ela.
Minha atenção voltou para Maya, ainda respirando fundo, os olhos fixos no chão enquanto processava o que acontecera.
Por um momento, não soube como responder a Seraphina.
Eu havia agido por instinto, sem pensar no impacto.
Abaixei a cabeça, tentando afastar o peso da cena.
Jenna, percebendo o clima tenso, deu um sorriso leve e se aproximou de Maya, estendendo a mão para ajudá-la a se levantar.
― Ei, Maya, tudo bem? ― perguntou Jenna, num tom gentil. ― Sabe, nem todo dia a gente ganha um salvamento tão… explosivo assim.
Maya esboçou um sorriso tímido e aceitou a mão de Jenna, levantando-se devagar.
Depois, se voltou para mim, ainda um pouco hesitante, mas com um brilho grato nos olhos.
― Obrigada, Evan.
Sua voz saiu suave, mas sincera.
― Acho que… você realmente me salvou.
Sinceramente me senti aliviado pela leveza que Jenna trouxera ao momento.
Alex, que estava a uma distância segura, juntou-se a nós, olhando para o monstro derrotado com uma expressão de alívio misturado com surpresa.
― Cara, isso foi insano. Você mandou bem Evan.
― Isso não foi nada, precisamos continuar seguindo em frente.
E então, sem mais palavras, continuamos para o centro da floresta.
Nem eu sabia o que tinha acabado de acontecer.
Parecia que minhas sombras tinham se movido por conta própria como se elas estivessem vivas.
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Enquanto caminhávamos em direção ao centro da floresta, uma janela do sistema surgiu de repente à minha frente.
Um arrepio me percorreu, como se uma presença invisível me envolvesse, observando cada passo.
[Missão do Sistema: O Observador nas Sombras]
✦ Descrição da Missão ✦
Uma entidade sombria, de poder desconhecido, apareceu na floresta, atraída pela sua presença e pelo caminho que escolheu trilhar. Ela observa, um espectador das eras, e o impacto de sua atenção abala o equilíbrio ao seu redor, trazendo consigo presságios e mistérios não revelados.
Objetivo Principal:
Confrontar e sobreviver à entidade sombria. Prove sua força e determinação diante desse poder desconhecido.
Recompensas:
Vitória:
➤ Habilidade Especial: Caso derrote a entidade, poderá escolher uma habilidade especial.
Derrota:
➤ 80 Pontos do Sistema:
Caso seja derrotado, receberá 80 pontos como consolo, refletindo o aprendizado e a experiência adquiridos na batalha.
Condições:
➤ Sobrevivência: Você deve sair vivo desse encontro, independentemente do resultado.
Enquanto lia cada linha, um peso crescente se instalava em meu peito. Quem é essa entidade, e o que ela quer de mim?
‘Não me lembro de ter adicionado algo assim à história…’
Pensei, tentando entender.
‘E 80 pontos? Mesmo se perder? O sistema já está considerando uma possível derrota?’
Eu tinha viárias perguntas e nenhuma resposta.
E o pior de tudo, eu não podia compartilhar aquela informação com ninguém.
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O grupo avançava pela floresta, ainda ofegante depois de enfrentar uma série de criaturas ferozes.
Mas a batalha estava longe de terminar.
A última e maior das bestas ainda resistia — uma criatura massiva, com escamas tão densas que refletiam as luzes das magias ao redor, quase como se zombasse dos ataques.
Ela rugia, e os olhos vermelhos, sedentos, se fixaram em Luna, que conjurava um feitiço de cura para Arthur.
Kai avançou com as manoplas erguidas, desferindo um golpe direto no flanco da criatura.
As escamas racharam sob o impacto, e o monstro se desequilibrou por um segundo.
Arthur aproveitou o momento e lançou-se com a espada, abrindo uma fissura nas escamas da besta.
― Vamos acabar com isso! — gritou Arthur, recuando para avaliar o próximo movimento.
Derek, à distância, preparava outra flecha para disparar, mas a criatura, percebendo sua posição vulnerável, mudou o foco e avançou contra ele com um rugido.
“GRRAAARRRHHH!”
O monstro, impulsionado pelo instinto de sobrevivência, lançou-se sobre o arqueiro, as garras estendidas.
Derek arregalou os olhos, tentando reagir a tempo, mas a criatura era rápida demais.
Rachel, até então observando os movimentos da criatura, reagiu no exato instante.
Com um impulso certeiro, correu na direção do monstro, concentrando sua energia mágica nas mãos.
Seus punhos se envolveram em uma aura azulada intensa, e ela saltou com precisão.
Em um único golpe direto no ponto onde Arthur e Kai haviam danificado as escamas, Rachel acertou o monstro com um soco poderoso, que o fez voar para trás.
A criatura, atordoada, tentou contra-atacar, mas Rachel manteve a calma.
Desviando-se com agilidade, ela concentrou ainda mais energia no punho direito, que agora brilhava intensamente, e desferiu o golpe final.
O impacto acertou o crânio da criatura, rachando-o completamente.
Com um último grito de dor, a fera caiu ao chão.
O grupo ficou em silêncio por um instante, ainda recuperando o fôlego após a batalha intensa.
Kai soltou uma gargalhada alta claramente impressionado com a força e precisão do ataque de Rachel.
“Hahaha!” ― Agora, isso que é luta corpo a corpo! — disse ele, sorrindo enquanto cruzava os braços e a encarava com aprovação.
Rachel apenas deu de ombros, ainda sentindo o calor residual do poder mágico em seus punhos, e soltou um suspiro discreto enquanto a aura azulada se dissipava.
O que para ela era apenas parte do combate, para os outros parecia algo excepcional.
Arthur se aproximou, observando-a atentamente, quase como se tentasse entender melhor suas habilidades.
― Rachel, sua técnica é impressionante.
Ele ergueu uma sobrancelha, lançando um olhar para Kai.
― É parecido com o estilo de combate do Kai, mas, enquanto ele parece mais agressivo, você tem uma precisão… única. Esse controle mágico nos punhos, sem manoplas, é raro de se ver.
― Só fiz o necessário. Nada que precise de tanto elogio — murmurou Rachel, enquanto evitava o olhar de Arthur.
Mas o comentário a fez erguer levemente o queixo. Havia algo de satisfatório em ver o respeito nos olhos do grupo.
O grupo retomou o foco e começou a andar novamente.
Luna, que ainda recuperava o fôlego, aproximou-se de Rachel, os olhos brilhando com curiosidade.
― Sabe, é muito difícil encontrar alguém que consiga manter o controle de poder mágico em um único ponto assim.
Rachel ergueu uma sobrancelha, interessada, mas manteve o tom neutro.
― Só uma questão de prática, eu acho.
Ela deu de ombros, tentando não demonstrar muita reação ao elogio.
Luna balançou a cabeça, soltando uma risada suave.
― Ah, então Kai deveria saber fazer isso há tempos! Ele luta assim desde sempre…
Ela lançou um olhar provocador para Kai, arqueando as sobrancelhas.
― Ou será que ele só é ruim nisso mesmo?
Kai, que vinha acompanhando a conversa de perto, soltou uma gargalhada exagerada, fingindo estar ofendido.
― Se é falta de prática, você é um caso perdido! Mesmo com seus buffs de fortalecimento, não sinto nada! — disse ele, cruzando os braços com um sorriso.
Luna arregalou os olhos escutando aquilo.
“Hein?!“ — Ela o olhou, incrédula, e soltou uma risada divertida.
― Deve ser porque você é um ogro.
Kai soltou uma risada mais baixa, aceitando a provocação.
Ele cruzou os braços, fazendo uma careta para Luna antes de virar-se para Rachel com uma expressão mais séria.
― Mas, falando sério, isso não é só prática. Esse controle que você tem nos punhos… não é nada comum.
Luna assentiu, rindo da reação de Kai, mas com uma expressão pensativa.
― Tem razão. É um nível de controle que exige muita concentração.
Rachel deu um leve aceno, sem deixar transparecer o que realmente pensava.
― Deve ser questão de foco. Quanto mais você se dedica a um tipo de controle, mais natural fica.
― Ah, pode até ser prática, mas é um nível bem avançado. Conheço uma pessoa que faz algo parecido… só que de um jeito diferente. Ele não mantém a energia concentrada em pontos pequenos, como você faz.
‘Então ela ta falando daquele cara?’ — Rachel pensou.
Ela estreitou os olhos levemente, intrigada.
― Diferente como?
Luna hesitou por um instante, pensativa, antes de continuar.
― Bom, ele consegue moldar a energia em formas distintas, quase como se pudesse materializá-la. É algo que nunca vi igual, seu poder parece… vivo.
Rachel manteve o olhar fixo em Luna por um segundo, processando as palavras.
Sentindo suas suspeitas se confirmarem.
Mas ela disfarçou, soltando um leve suspiro.
― Deve ter sido alguém bem talentoso, então, — respondeu Rachel com um tom calmo, quase desinteressado, enquanto guardava a informação para si.
Kai riu, quebrando o breve silêncio.
― Um controle assim precisa de treino. Mas, Rachel, acho que posso aprender uma coisa ou duas com você, hein?
Ele lançou um sorriso provocador.
Rachel deu um meio sorriso de volta, com um leve aceno de cabeça.
― Quem sabe. Desde que você aguente o ritmo.
Arthur lançou um olhar atento para frente, onde uma estrutura antiga começava a surgir entre as árvores.
Seus olhos brilharam com uma mistura de determinação e cautela.
― Certo, pessoal, foco! Parece que estamos perto.
O grupo interrompeu a conversa, desviando o olhar para a construção à frente.
Era uma estrutura imponente, desgastada pelo tempo, com paredes cobertas de musgo e entalhes antigos que emergiam das sombras projetadas pelas árvores ao redor.
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